Investigação revoltante mostra vacas sendo arrastadas por guindastes de navios pela indústria do couro

Uma nova investigação de Manfred Karremann, publicada pela PETA Alemanha, revela a extrema crueldade infligida pela indústria do couro a animais como vacas e ovelhas. Eis o que eles descobriram:

  • Animais são transportados em viagens longas e penosas para o outro lado do mundo antes de serem abatidos pelos seus couros.
  • Durante o transporte, os animais são expostos aos elementos climáticos e lhes são negados comida e água suficientes. Eles podem até cair e serem pisoteados até a morte. Fêmeas grávidas também são forçadas a aguentar o transporte de animais vivos.
  • Animais machucados e moribundos são frequentemente abatidos de forma ilegal, incluindo as fêmeas grávidas.
  • Em vários países, animais são mortos sem serem atordoados antes; eles são amarrados e seus pescoços são cortados por uma faca cega. Muitas vezes, eles levam muitos minutos para morrer.
  • Rótulos inadequados em produtos de couro fazem com que seja praticamente impossível rastrear a origem dos animais e de suas peles. Informações como “Feito em Itália” não revelam exatamente qual é a origem do couro e, portanto, o comprador não sabe dizer de onde ou de que tipo de animal é o couro de suas bolsas, sapatos ou móveis.

Transportados para o outro lado do mundo pela indústria do couro

Mais de 1,4 bilhões de vacas, ovelhas e cabras e milhões de outros animais são mortos todos os anos pelos seus couros. Em países como a Turquia, o comércio de peles está aumentando, fazendo com que a exportação cruel de animais aumente bruscamente. Em 2018, 900.000 vacas vivas e quase 281.000 ovelhas vivas foram importadas pela Turquia de países como a Alemanha, Austrália, Áustria, Brasil, Espanha, França, e Irlanda.

Esses animais são transportados para o abate para países como a Turquia para suprir a demanda por carne fresca halal (alimentos permitidos aos muçulmanos) no país e a demanda global pelo couro. Após o abate, suas peles são enviadas para todo o mundo.

Os investigadores documentaram algumas das rotas de tortura que os animais aguentam. Vacas brasileiras são transportadas por semanas em navios com destino à Turquia. Lá, alguns dos animais continuam em rota para o Iraque, dentro de caminhões. Outra rota os leva à Turquia via França e Bulgária. Vacas alemãs e austríacas foram rastreadas no Líbano.

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Animais transportados sem suprimentos adequados de água e comida em navios e caminhões

Geralmente, durante as viagens árduas, as quais podem levar semanas, os animais não recebem comida e água suficientes. Eles são expostos ao calor e ao frio sem nenhum tipo de proteção, e permanecem todos amontoados juntos e no meio de seus próprios excrementos. Durante o transporte, eles empurram uns aos outros, causando ferimentos. Se um deles cai, pode ser pisoteado até a morte.

Os animais usados ​​na indústria internacional do couro são comumente mantidos, transportados e mortos em locais lotados e imundos, nos quais doenças zoonóticas devastadoras podem se desenvolver e se espalhar. O transporte através das fronteiras internacionais pode levar dias, e questões de segurança global, como a pandemia de COVID-19, fazem com que os animais sejam forçados a suportar jornadas ainda mais longas e um sofrimento maior. O estresse causado pelo transporte, geralmente agravado por longos atrasos, resulta não apenas em um sofrimento imensurável, mas também em um risco aumentado de propagação de doenças, algumas das quais podem ser transmitidas aos seres humanos.

Mortos sem atordoamento para a produção de couro

Em muitos países, os animais são mortos sem antes serem atordoados. Vacas, ovelhas e cabras são simplesmente empurrados para o chão, às vezes amarrados, e suas gargantas são cortadas com uma faca. Por causa de trabalhadores mal treinados ou do uso de facas cegas, a morte desses animais é agonizante e pode levar vários minutos. Vacas e ovelhas são animais sociais, e geralmente desenvolvem grandes amizades com outros de sua espécie. No entanto, gravações da Líbia e do Líbano mostram que os trabalhadores cortam a garganta de vacas e ovelhas à vista de outros animais e os jogam em uma pilha para deixá-los sangrar até a morte enquanto se contorcem e chutam.

Animais feridos são mortos ilegalmente em abatedouros

Apesar de ser ilegal o transporte de animais feridos ou moribundos até o abatedouro na Turquia, as imagens mostram que funcionários arrastaram forçadamente uma vaca fraca e aparentemente moribunda para fora de um semirreboque e cortaram sua garganta no abatedouro. Até mesmo animais prenhes devem aguentar a agonia de serem transportados vivos; se eles se machucarem durante o transporte, também serão levados ao abatedouro e abatidos junto de seus fetos. A pele dos fetos é particularmente valiosa em mercados como o da China, e também chega a outros países do mundo através do comércio global de couro.

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Vacas são retiradas de navios à força com guindastes

Quando, depois de dias ou semanas, os animais finalmente chegam ao seu destino, seus pelos estão frequentemente emaranhados com uma grossa camada de excremento e urina. Alguns estão tão fracos ou machucados que não têm mais forças para ficar em pé e, então, são içados com guindastes e puxados por apenas uma pata, que aguenta todo o peso do animal sozinha. Uma vaca adulta pesa aproximadamente 500 quilogramas, e esse procedimento causa dores terríveis por deslocamentos de articulações e patas quebradas.

A origem do couro é quase sempre incerta

Devido a requisitos para rótulos e etiquetas inadequados para produtos de couro e a rotas de comércio obscuras, geralmente é impossível rastrear a origem dos animais e de suas peles. Compradores não sabem se suas bolsas ou sapatos foram feitos de couro de vaca, de cachorro ou de canguru, ou em que país ocorreu o abate. Informações como “Feito em Itália” não revelam qualquer informação sobre a origem ou o processamento da pele, apenas o local onde o produto foi manufaturado.

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O couro é uma catástrofe para humanos e para a natureza

O couro não apenas causa o sofrimento de animais, mas também é um dos produtos que mais prejudica o meio ambiente no mundo. Todos os dias, partes insubstituíveis da floresta tropical são destruídas para a criação de vacas e de pasto. As emissões de gás metano desses animais também contribuem enormemente para a mudança do clima. Além disso, diversos elementos químicos como o crómio e o formaldeído são usados no processo de curtir o couro, o que é um perigo para o meio ambiente e os humanos. Os produtos finais como sapatos, bolsas e roupas geralmente contêm traços de crómio-6, um metal pesado cancerígeno.

© iStock.com/Brasil2

O que você pode fazer

Independente da origem do couro, ele sempre estará ligado ao sofrimento de animais e à degradação do meio ambiente. Enquanto tratamos cachorros e gatos como animais de estimação e de companhia, milhões de animais como vacas, ovelhas e cabras estão vivendo em seus próprios excrementos, sendo atormentados por choques elétricos, transportados ao outro lado do mundo em semirreboques lotados e, então, abatidos. Esses animais sencientes sentem alegria, dor e medo, e compartilham do nosso desejo de viver, mas suas vidas lhes são arrancadas para que suas peles possam ser roubadas e transformadas em bolsas, sapatos e móveis.

Por favor, pelo bem dos animais, sempre verifique as etiquetas dos produtos e, caso esteja escrito “couro” ou apareça o símbolo correspondente, deixe o produto na prateleira. No lugar do couro, escolha o couro sintético sustentável e outras alternativas veganas feitas de materiais inovadores como plástico reciclado, cortiça e até mesmo folhas de abacaxi, cogumelos, uvas, cascas de maçã e outros restos de frutas.

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